Nos últimos dias, um novo conceito começou a pipocar no TikTok: o tal “Menu da Dopamina”. Com vídeos que misturam rotinas matinais, listas fofas de autocuidado e takes esteticamente perfeitos de cafés coados lentamente, a ideia parece simples mas diz muito sobre o que estamos buscando enquanto geração: um pouco mais de prazer em meio ao caos cotidiano.
Mas o que é, afinal, esse tal menu?
Pense num cardápio emocional. Um conjunto de microações capazes de despertar uma dose extra de prazer no cérebro. Escutar sua música favorita no banho, usar seu perfume preferido mesmo sem sair de casa, fazer uma receita afetiva, pintar as unhas com calma, caminhar sem fone ouvindo o som do mundo. Pequenos gestos que ativam dopamina, o neurotransmissor que nos dá a sensação de recompensa.
Só que, claro, estamos falando de TikTok. Então tudo vem com um filtro bonito, uma música em alta e uma legenda que diz: “construindo minha rotina baseada em dopamina ✨”.
Mais do que uma tendência passageira, o Menu da Dopamina expõe uma mudança no jeito como a gente enxerga produtividade e bem-estar. Em vez de um cronograma rígido de metas e listas infindáveis de tarefas, o foco passa a ser: o que me faz sentir bem, de verdade?
E não, não tem nada a ver com hedonismo vazio.
Esse movimento é, na verdade, uma reação. A anos de burnout. À romantização da produtividade. À ideia de que só tem valor quem está sempre entregando, performando, se superando. A geração que cresceu achando que precisava estar sempre fazendo, agora está aprendendo a simplesmente sentir.
O Menu da Dopamina é quase um manifesto sutil. Uma forma silenciosa (mas poderosa) de dizer: eu me permito prazer, mesmo sem justificativa. Eu posso desacelerar. Eu posso saborear os detalhes.
E talvez, só talvez, seja justamente isso que esteja nos salvando do colapso.
No fim das contas, talvez o segredo não esteja em montar o “menu perfeito”, mas em reaprender a saborear a própria vida. Uma xícara de café por vez.
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