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Você já olhou para o seu extrato bancário e pensou: não sei como cheguei nesse valor? Já se pegou gastando por impulso, mesmo quando sabia que não devia? Ou sentiu vergonha de olhar pro seu saldo, como se tivesse feito algo errado, mas sem saber exatamente o quê?

Esses sentimentos não são só comuns, são um sintoma de algo mais profundo. É sobre isso que fala a disformia financeira, um termo que vem ganhando espaço justamente por traduzir um sentimento coletivo que, até então, parecia não ter nome.

Mas o que é, exatamente, a disformia financeira?

A disformia financeira é um distúrbio de percepção, não sobre o corpo, como na dismorfia corporal, mas sobre o dinheiro. Quem vive isso tem dificuldade em entender sua realidade financeira de forma clara. Ou subestima quanto gasta, ou acredita que tem mais (ou menos) dinheiro do que realmente possui. É como ver a própria vida financeira por um espelho distorcido.

E não, isso não é frescura ou falta de organização. É uma relação emocional com o dinheiro que foi construída (e muitas vezes machucada) por anos de crenças, cobranças, comparações e até traumas.

Como a disformia aparece na rotina?

Ela pode se manifestar de formas bem sutis e perigosas:

  • Você evita abrir o app do banco porque sente ansiedade.
  • Compra algo para compensar um dia difícil, mesmo sem saber se pode.
  • Finge que está tudo sob controle, mas vive no limite do limite.
  • Tem vergonha de falar sobre dinheiro, mesmo com pessoas próximas.

Em muitos casos, a pessoa nem percebe que está vivendo esse desequilíbrio. Afinal, a lógica do trabalhe muito e gaste para se sentir melhor, está por toda parte.

Por que precisamos falar sobre isso?

Porque saúde financeira também é saúde emocional. Não adianta cuidar da pele, do cabelo e da alimentação se o dinheiro segue sendo uma fonte constante de tensão. E mais: entender a sua relação com o dinheiro é também entender a sua história, com o que você aprendeu, com o que tentaram te ensinar e com o que você acreditou que precisava esconder.

O primeiro passo? Olhar com coragem.

Se você se identificou com esse texto, saiba: não é só você. Falar sobre disformia financeira é trazer luz para um tema que ainda é envolto em culpa e silêncio. É o primeiro passo para reconstruir uma relação mais honesta com o dinheiro, uma que respeite quem você é, o que você vive e o que deseja para o seu futuro.

E se quiser se aprofundar, vale buscar apoio com terapeutas financeiros, psicólogos ou mesmo começar um diário financeiro, sem julgamentos. Só com a verdade do que é e do que pode ser.