Camisa de time por cima da calça social, boné meio torto, jeans larguíssimo e tênis surrado. Se parece a descrição de um look aleatório saído dos anos 2000, acertou. Mas também pode ser um resumo visual do bloke core, uma estética que nasceu da irreverência inglesa e hoje já faz parte do repertório de moda de quem quer ironizar, pertencer ou simplesmente ser notado.
O que é o bloke core, afinal?
Bloke é uma gíria britânica para "cara comum" e o core, você já conhece: é o sufixo que transforma qualquer coisa em estética. O bloke core mergulha de cabeça na masculinidade casual dos anos 90 e 2000, aquela dos pubs, dos estádios e dos homens que não estavam pensando muito no look (mas, sem saber, estavam lançando um).
É uma mistura de futebol com normcore britânico. É nostálgico, mas com intenção. Traz referências do armário de quem não se preocupava com a aparência e justamente por isso virou estilo.
Camisa de time e discurso fashion? Sim.
Não à toa, o bloke core foi abraçado por fashionistas, rappers, modelos e celebridades que adoram um contraste. A camisa de time, que já foi sinônimo de look desleixado ou informal demais, agora aparece em desfiles, capas de revista e produções super estilizadas.
Mas o que está por trás dessa estética vai além da roupa. É sobre rir de si mesmo, desconstruir padrões de elegância e trazer à tona uma masculinidade que se expressa pelo conforto, pela nostalgia e, por que não, pela excentricidade de parecer um cara comum em pleno auge da estética curada.
Por que o bloke core virou tendência agora?
Depois de tantos ciclos de moda minimalista e silhuetas milimetricamente pensadas, talvez exista uma vontade coletiva de bagunçar a estética de novo. O bloke core surge como uma resposta (meio debochada, meio estilosa) a esse desejo de liberdade visual. Um jeito de brincar com referências culturais que antes eram subestimadas e que agora ganham um novo significado.
É também um reflexo da estética do “tô nem aí” que, no fundo, é muito bem pensada. Uma moda que parece casual, mas carrega intenções estéticas, sociais e até afetivas. Porque para muita gente, vestir uma camisa retrô do Arsenal não é só sobre moda: é sobre infância, identidade e memória.
E o que isso tem a ver com a gente?
Talvez tudo. Afinal, o bloke core nos lembra que estilo também pode ser construído com o que já está no armário, com peças que têm história, e com a coragem de não seguir fórmulas prontas.
Se você não se vê vestindo esse visual, tudo bem. Mas talvez essa estética te provoque a pensar: quantas vezes você já deixou de usar algo porque parecia simples demais, feio demais, masculino demais, desleixado demais?
No fim das contas, o bloke core nos convida a vestir o que der na telha. E isso, no mundo da moda, ainda é revolucionário.
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