Você lembra dela. Blazer, café na mão, frase motivacional no feed e um cronograma de produtividade que beirava o insustentável. A girlboss de 2016 era o ápice do empowerment na estética de escritório. A mulher que vencia no mercado, que liderava reuniões e ainda tinha tempo de “inspirar outras mulheres a serem a sua melhor versão”.
Só que a internet tem memória curta e senso crÃtico afiado. E o que antes era sÃmbolo de empoderamento, virou piada pronta. O “acorde à s 5h e conquiste o mundo” perdeu força quando a realidade bateu: exaustão, burnout, bolhas meritocráticas e uma certa dose de solidão por trás do sucesso performado.
Mas, como tudo na cultura digital, o termo girlboss não desapareceu. Ele apenas mudou de roupa, entrou no TikTok e voltou com uma nova cara. Menos CNPJ, mais auto-ironia. Menos hustle, mais soft power. Menos promessa, mais crÃtica.
A nova girlboss não quer liderar: ela quer viver bem
No TikTok, onde narrativas são remixadas em looping, a girlboss virou uma figura ambÃgua. Ainda está ali, organizando o dia no Notion, gravando vlogs de rotina e falando de metas. Mas agora, tudo vem com um quê de deboche. De meme. De "sei que tô performando, mas tô consciente disso". É o girlbossismo em sua fase pós-irônica.
A estética continua: óculos de armação grossa, parede off-white, legenda com fonte serifada. Mas a mensagem mudou. A nova girlboss fala de saúde mental, limites, tempo de descanso e até da vontade de não ser produtiva o tempo inteiro. O sucesso agora tem tons mais suaves e menos filtros.
Um termo que morreu, mas passa bem
No mundo da criação de conteúdo, o ressurgimento da girlboss passa pelo uso consciente da estética. Ela aparece nos vÃdeos de meninas organizando seus dias com velas acesas e voz mansa em fundo de lo-fi, mas também nos vÃdeos que satirizam a própria ideia de sucesso forjado.
O que queremos agora?
Queremos liberdade. Autonomia. Sustentabilidade emocional. Queremos, sim, ganhar nosso dinheiro, mas sem adoecer no processo. Queremos poder usar a estética girlboss sem carregar a culpa de não dar conta de tudo.
A girlboss 2025 sabe que não precisa performar poder o tempo inteiro. Ela está cansada, mas consciente. Ambiciosa, mas não a qualquer custo. Inspiradora, mas com os pés no chão.
Se antes o lema era “trabalhe como se você fosse duas pessoas”, agora é mais “trabalhe como se você tivesse uma vida fora do trabalho”.
E esse talvez seja o verdadeiro glow up do girlbossismo.
.png)
0 Comentários